quarta-feira, 16 de março de 2011

Bianca


Bianca,

 é tarde, bem tarde. Os últimos dias não foram os mais agradáveis. Aprendi a não reclamar. Os próximos dias serão melhores. Estou acordado até esta hora. Acho que tentando me reorganizar internamente. Prioridades... Cadê, cadê minha autoestima?

Algumas coisas mexem com a gente, é inevitável. Quem você detesta, mais perto. Quem você ama, mais longe. Sacudiram-me consideravelmente. Hoje mesmo, há muito não acontecia. Senti a necessidade de ir embora, me despedir às pressas. Por más companhias. Mas. Depois refleti. Ah, quer saber ! Dane-se este povo sujo !
- É, dane-se ! Uhuu!



Estava procurando algo que abrisse a minha mente, libertasse minha ansiedade. Já ía recorrer ao Luís Fernando, Chaplin. E Deus, muito melhor, preparou pra mim o excelente. Receber de quem eu posso dizer, com sinceridade e argumento, que eu amo tanto, muito. Algumas linhas de apoio. Chaplin até me deixaria mais pra cima. Verissímo possivelmente me tiraria uma risada. Levantar meu astral às 3 da manhã, não. Só vindo de alma rara como a tua.

Sabe. Pode contar comigo, pra tudo mesmo. Exceto em certos casos rubronegros ( rs).

Foi ficando impossível ser só mais um amigo da Jussara, apenas exercer simpatia, estes fatos só possuem explicações concretas no céu, num plano macro-divino.

Sinta-se enormente minha "sister". Tenho por ti um misto de proteção, carinho,  que espero um dia poder retribuir o quanto me faz bem. Acredite. Cada palavra que te escrevo vem sempre carregada da mais profunda sinceridade.

Obrigado, mesmo prima. Salvou a minha madrugada. Eu, eu te amo.
 

Alan

    Entre minhas madrugadas insones escolhi essa pra escrever um pouco sobre você. Só um pequeno parágrafo.
    Sabe Alan, antes de te conhecer pessoalmente pensei que só seria mais um amigo da Jussara, daqueles que só fala comigo, só tenta ser simpático, quando estou com ela. Mas desde o dia em que te conheci realmente, percebi que as coisas com você são diferentes. Tu és o menino mais perfeito que já conheci, te juro. A perfeição vai desde o falar ao agir. Eu nunca vi menino nem parecido contigo, esse teu jeito calmo de falar, o sorriso estampado no rosto, por mais que as dificuldades da vida insistam em afrontar tua serenidade. A paz que tua presença transmite é encantadora. Não me sinto sua prima, me sinto sua sister, como você mesmo tem dito às vezes. E por mais que as preocupações, problemas e tormentos da vida queiram aparecer nesse momento, tanto pra mim quanto pra ti, só quero que saiba que te amo, primo. Te amo de verdade.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Percepção II

    Querido primo, desculpe-me pela demora. É que certos acontecimentos e lembranças tem me tirado o foco nesses últimos dias. Meus pensamentos nem mais podem ser vistos de tão distantes que estão. Nem eu mesma sei por onde eles andam, só sei que quando me dou conta eles já estão consumindo a paz que me resta após o crepúsculo. E é por isso que me abrigo aqui, no computador. No lugar onde eu me sinto segura, onde eu domino, onde posso compartilhar parte dos pensamentos atordoadores que tenho com gente que, às vezes nem se importa, mas que pelo menos me ouve.
    E entre lembranças, pensamentos, e saudades que tenho, não poderia me esquecer também do dia em que te conheci. Já estava esperando que viesse. Só não sabia que era o menino mais alto e branco que eu já havia visto pessoalmente. Parado com seus mais de 1,80m, com um sorriso, tanto nos lábios quanto nos olhos. Que bizarro, dava de ver as veias por trás do fino tecido transparente que o cobria externamente. Mas era bonito, bem bonito.
    __Oi, eu sou o Alan.
    __Percebi.
    Você provavelmente nem desconfiou, mas a partir desse momento pensamentos tipo “Como pode ter dito uma besteira dessas, Bianca Nascimento? Não pensou antes de falar? Por que não disse só um singelo e conhecido Muito prazer ou simplesmente um Oi? Por que ficou olhando pra baixo enquanto falava? Tem medo de gente é?” começaram a torturar meus neurônios. É, pensamentos como esses costumam me atormentar por dias sempre que digo alguma besteira, e acredite, isso acontece com mais frequência do que você imagina. Os passos iam ora ligeiros, outrora lentos. E a cada metro que andávamos mais e mais a palavra se repetia na minha cabeça, cada vez com uma tonalidade diferente, uma entonação mais grave, ou aguda. Palavra maldita! De vez em quando, durante aquele dia, me pegava sorrindo ainda, zombando das minhas próprias tragédias.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Percepção



Meus dias estão mais tediosos. Sinto falta de certa emoção, de  algum plano mirabolante. Se estou nesta fase, fico bem pensante. Incomoda as outras pessoas, elas querem falar, chamar a atenção, eu as entendo. Procuro pensar bastante sozinho. Aqui em casa mesmo. Coloco alguma música e vou me diluindo em pensamentos distantes.
Agora mesmo penso em te escrever uma carta, com algo que lhe seja agradável aos olhos e útil para qualquer ato. Mas o que é agradável , o que é útil, pra ti? No fim acabaria escrevendo minhas teorias. Apenas. Teoria é chata, cabe apenas em livros. A Prática não, ela se estende ao viver, ao fazer. Mas até  pra falar da prática, há alguma teoria.
Loucura, loucura estes meus pensamentos !
A lembrança, que não deixa de ser pensada, que tenho de quando te conheci.
- Oi, eu sou o Alan.
- Percebi.
Percebeu o quê, hein?! Eu sufoquei esta pergunta. Pra manter a paz e a educação. Não que fosse com objetivo de declarar uma guerra contra tua percepção.  Boa parte do caminho pra casa da Andresa, a questão enchia minha garganta. Engolia e ela voltava.
Depois eu mesmo, já em casa se não me falha a memória estava só, respondi.
- Percebeu que era você Alan ! Dã!
Foi legal este dia. Além de te conhecer, percebi o quanto minhas dúvidas são importantes pra mim. E agora, aqui no texto mesmo, percebo que você é bem capaz de me provocar boas dúvidas.
Vejo também que é capaz de me deixar saudades, se um dia qualquer, resolver retirar este Ser do teu convívio, sentiria faltas sinceras de ti, Bianca.
Agora volto ali, pra minha rotina pessoal  de pensamentos no espírito. E vou tentar espionar o que meu Cachorro tenta fazer com um objeto não identificado na boca.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Pensamentos Chineses II

Eu não sou socialista, nem  capitalista. Tenho problemas com o sufixo ista. Sou São Paulino, com ino no final. Você me entende.Até hoje não me interessei por lados políticos. Minha esquerda mesmo é meio direita e minha direita é meio curva.Há de concordar que este negócio com lados, depende muito mais do ponto de vista. Ah, não tenho veias ideológicas, mas tenho pontos de vista. Eles convergem com lados, mas a maioria das vezes são  amarelos, vermelhos, verdes. Adoro piadas de pontinhos, de vista.


A China, com socialismo ou sem, tem a densidade demográfica da casa da mãe Joana. Sem a libertinagem  desta lenda de Mãe , os chineses possuem uma cultura menos carnavalesca.A China é tão injusta quanto o resto do mundo. O  Socialismo que impera é autoritário e comete  o crime que eu mais detesto. Atentam contra a liberdade de expressão e pensamento. Podemos ter nossas injustiças marotas. Porém. Pensamos livremente. Desgraça aqui é que na maior parte do nosso pensar doamos pra gingado e folia. É bela a alegria do nosso povo. O problema é que acham que este povo brasileiro é  carnaval. Saúde, educação, coisa de  burguês. Política no nosso País é  uma dramaturga de comédias, escreve até com certa seriedade, mas a palhaçada é o que rende mais.
Eu gosto de Pequim e de olhos rasgados. Os seus são mais inchados, o da Júh é maior, gosto também. Fascina-me olhos e olhar. Bom, prima. Não sei se atendi as expectativas. Justiça mesmo é algo muito subjetivo. Tanto que Deus é nomeado como o "Justo"e veja quantas opiniões dão sobre ele. É, é isto. A China é tão injusta quanto o Brasil. Sinceramente. Pode discordar tranquilamente.

 Afinal isto que respondo é só meu pontinho de vista mesmo.Beijo, prima. Diz pra Vilma que ela é das mais simpáticas tias.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Pensamentos chineses

       Querido primo, escrevo-lhe às 2 horas da matina porque um pensamento me atormenta os miolos. Estive pensando em você, em mim, na Juh, na escola, nessa cidade, estado, país... Enfim. E cheguei a uma conclusão. Concluí que só me aquietaria e conseguiria pregar os olhos após lhe fazer uma pergunta. Sei que a resposta pode ser não, o que me frustraria um pouco já que as esperanças já invadiram meu ser, mas sei lidar com isso, já tive muitas decepções e essa a mais não me fará muita diferença daqui a alguns meses. Porém um sim poderia significar muito pra mim.
      Então, sem mais voltas, gostaria de lhe perguntar se achas que a China é um país melhor que o Brasil. Certo, talvez não tenha sido muito clara no que quis dizer, portanto explicarei melhor agora. Como você sabe, o Brasil é um país baseado no sistema econômico capitalista, sendo este sistema o principal responsável, na minha opinião, pela desigualdade social, pobreza, má distribuição de renda, exclusão social, exclusão digital, a injustiça, a busca incansável por dinheiro que ultrapassa os limites da dignidade, do amor, da paz, e que corrompe a moral e a ética, tornando-nos tanto consumistas quanto alienados. Não, o dinheiro não compra tudo, primo, mas compra quase tudo. O pior é que quanto mais nos aproximamos do quase, mais queremos o tudo! Consumistas, escravos dos próprios bens. Invejosos também; sempre tem um mais rico que nos fará querer consumir-lhes também a vida. Diante de tais fatos, estive pensando se a China, sendo um país socialista, seria um país melhor, mais justo. Eu nunca fui à China, não sei como funciona isso direito, tive logo a idéia (maluca) de lhe perguntar. Achas que a China, sendo socialista, é mais justa que o Brasil?
      De qualquer forma, obrigado por ler primo. Aguardo ansiosa sua resposta.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Traumas II

Timidez, meu caro? Não, acho que timidez ainda é pouco para exprimir todo o tempo que eu vivi calada. Se eu parecia uma pedra? É, acho que sim. O silêncio sempre foi pra mim uma forma de estar em dois lugares ao mesmo tempo, já que conseguia pensar tanto no ambiente que estava quanto nas coisas que deixara noutro canto. Na escola era ainda pior, os professores logo de cara falavam que não queriam alunos conversadores, mas que também não queriam alunos “múmias” (como minha ex-professora de português costumava chamar aqueles alunos como eu, que só ficava sentada, não dava um palpite, não respondia uma questão sequer em voz alta, nem das brincadeiras eu participava). Metade da turma passava tempos me perguntando se eu era muda, e eu apenas balançava a cabeça pra esquerda e pra direita, tentando, sem sucesso, dizer que não. Sorte a minha que a professora notou que eu não era só uma múmia, era uma múmia sorridente. Talvez por isso ela gostasse um pouco de mim. Ou provavelmente isso era porque sou irmã das minhas irmãs. Desde sempre elas foram referências e sempre tem aqueles professores que me jogam logo de cara a responsabilidade de ser como elas. Não, não sou como elas. E nunca serei. Acho que alguns deles já perceberam isso também, mas sempre tem aqueles que insistem em fazer comparações. 
O recreio pra mim era a pior hora. A baderna começava, eu ficava dentro da sala, esperando ansiosamente pra que o recreio acabasse e eu mostrasse o caderno respondido pro professor de matemática. Sempre tinha algum engraçadinho que ficava me fazendo perguntas e eu, meio boba, tentava responder, só me entendiam através de leitura labial. Nada, nem um traço de voz ultrapassava meus lábios, apenas gestos com as mãos e a boca davam dicas do que eu queria dizer. Depois diziam “fala alto!” e eu respondia num sussurro “alto”. Além de tudo eu ainda queria ser engraçada, um fracasso. Não gosto muito de lembrar esses acontecidos da minha infância, são como o de qualquer outra pessoa silenciosa, e olha que não são poucas. Acho que é só uma fase, enquanto umas crianças se dedicam em fazer o professor acreditar que é o melhor professor (buscando notas melhores), outras se propõem a atrapalhar os calados (querendo chamar a atenção do resto da turma), enquanto os calados se dedicam somente e inteiramente a aula (reconhecimento, pra esses, acho que é o mais importante, o problema é que o reconhecimento, na maioria das vezes, vai para aqueles que fazem o professor acreditar que é o melhor!). É, a escola é uma selva!
Quanto à gostar de escrever, está certo novamente. Gostamos mesmo. Por falar em textos antigos, lembrei-me agora de uma crônica que fiz para um trabalho da escola. Sobre um sonho que tive e não conseguia lembrar. Não lembro também o que sonhei esta noite, não importa. Talvez eu só tenha falado coisas sem sentido, enquanto minha irmã pedia pra eu repetir e eu o fazia, talvez tenha me levantado enquanto dormia e estivesse batendo na janela querendo sair, como daquela vez que te contei. Quem sabe saí de casa sem que percebessem, e voltei antes do sol brilhar no horizonte. É, isso não importa também, porque provavelmente tudo o que fiz foi dormir, dormir e esquecer que cada minuto que passa, não volta mais. Pra que perder então, 8 horas do dia dormindo? Ou 10 minutos escrevendo esta carta? Fazer o que?, já acabei mesmo! Resta agora você gastar 5 minutos do seu dia lendo isso. E já o fez também.