A gente pelos menos na infância, tínhamos algo em comum. A gloriosa tímidez. Mudos. Imagina se fosse possível voltar no tempo e nos encontrarmos, seria o som mais alto do silêncio. Contigo aconteceu isto? As pessoas reclamarem da falta da voz, de te acharem uma pedra ? Comigo era assim. A professora diversas vezes tirava o premiozinho de melhor aluno simplestemente porque eu não queria fazer os agradecimentos no final.
Entendo ela. A graça do prêmio era o discurso, não poderia fugiar as regras. Com o passar do tempo criei técnicas para maquiar minha timidez, olho no meio dos olhos da pessoa. Ela imagina que eu a estou enfrentando, mas na realidade meço o espaço deixado pelo nariz.
Aproveito também a minha altura, tento ficar ombro a ombro, assim na maioria das vezes, visualizo o crânio da concorrente e ela é obrigada a curvar o pescoço para cima. E mesmo que seja muito extrovertida, meu campo visual ainda permanece sobre o centro da cabeça.
Devemos ter outras coisas em comum. Ah, gostamos de escrever. Falando nisto, eu procurando textos meus antigos. Vi um sobre bomba atômica. É engraçado, nós estamos todos sujeitos a uma explosão de um objeto. Boom. Acaba tudo. Pesquisei sobre bombas, desde as caseiras até as de hidrogênio. Agora tenho um trauma moderno dentro de mim, o trauma da bomba atômica. Se ela explodir, o que teríamos feito de belo, Bianca? Eu, confesso, não sei. Mas sei que as baratas resistiriam a explosão. E dominariam o mundo, inclusive os nossos. Trágico e reflexivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário